Sinopse
A casa vive um mês por ano na escuridão. O escritor está fechado na casa, no seu mundo.
A escrita e a mulher amada brotam de um único lugar onírico, luminoso. Na casa vivem também uma mãe embrutecida pela dor, uma escrava silenciosa, uma multidão de gatos que se apropriam do espaço e dos humanos que o habitam.
O mundo fora da casa é um país que vive na impassibilidade das regras estabelecidas, arrastado pela inércia, depurado pelas prisões, embalado pela literatura. Mas eis que chegam os invasores e, com eles, a escuridão absurda que a barbárie daquela civilização já não sabe como encarar nem combater. A casa transforma-se então num asilo de seres mutilados, violados, brutalizados quotidianamente. Mas é também, ainda, um jardim: um jardim de infância dos filhos dos invasores.
Amputado na sua capacidade de escrever, sonhar e amar, o escritor é salvo da morte em vida apenas pela força amorosa das crianças, transportado para o absoluto pelo manto unificador da podridão que se abate sobre todos os humanos, invasores e invadidos.
Podendo ser lido como uma magistral alegoria do fim de uma civilização que é, sem dúvida, a nossa ou como uma denúncia, violenta na sua doçura, da barbárie que nos submerge sem que nos demos verdadeiramente conta, Uma Casa na Escuridão é um romance onde José Luís Peixoto consegue um equilíbrio miraculoso entre o pensamento do negrume que nos ameaça enquanto espécie e o júbilo de ternura que nos resgata e que resgata, sempre, a escrita do autor para um espaço verdadeiramente intocado e novo.
Extras
Em simultâneo com Uma Casa na Escuridão, José Luís Peixoto publica A Casa, A Escuridão, livro de poemas relacionado com o universo e personagens deste romance.